Sala de aula. Eu estava em um
momento que as pessoas costumam chamar de “crise de ansiedade”. Chamem como
quiser. Sei que eu tremia, meu coração estava acelerado, quase saindo pela
boca. Minhas mãos estavam frias. Meu corpo estava paralisado, de forma que eu não
conseguia sequer comer algo (muito embora eu estivesse me sentindo até mesmo fraca de fome). Por fora, as pessoas poderiam
achar que eu estava bem. Mas, por dentro, eu parecia explodir.
Tentei ficar no controle da situação. Senti que, pelo menos dessa vez,
eu iria superar essa ansiedade. Comecei a procurar alternativas que pudessem me
tranquilizar: jogar no celular, fechar os olhos, respirar lentamente, conversar
com alguém. Parece que meu psicológico começava a se
recompor.
Mas meu corpo
ainda pedia ajuda. Não que eu ache que corpo e mente sejam separados. Mas eu simplesmente
sentia que eles ainda não estavam em sintonia.
Até que saí da
sala e o acaso me fez caminhar um pouco. Quando menos esperei, estava embaixo
do sol. O sol que me faz doer o olho. O sol que me faz sentir a pele queimar.
Mas foi o mesmo sol que me fez sentir viva. O mesmo sol que me fez passar o frio. E me causou um calorzinho na pele
que chegou até o coração, que antes parecia tão frio e apertado.
Passei por
flores tão bonitas e bem cuidadas. Como se quem cuidasse delas fizesse isso não
só pela profissão, mas pelo amor às flores. Logo vi que, sem amor, elas não
estariam bonitas assim. Passei por gatos tão tranquilos. Uns dormiam, outros
brincavam. Vi pessoas felizes. Comecei a pensar apenas no que eu via à minha
frente. Vez ou outra me surgia algum pensamento. Mas não eram mais pensamentos
perturbadores: eram pensamentos bons.
E quando
percebi, a dor da ansiedade tinha se transformado em algo tão simples, puro e
tranquilo. Por mais contraditório que isso possa parecer, essencialmente eu sei
que sou tranquila. Eu finalmente estava próxima de quem, na realidade, eu sou.
Eu vejo poesia em tudo. Às vezes, a ansiedade sinaliza que algo está errado. E
te mostra que talvez você esteja distante de você mesmo.
E foi hoje que
a ansiedade me fez bem.